terça-feira, 25 de janeiro de 2011
ADHEMAR FERREIRA DA SILVA
Há exatos dez anos, o Brasil perdia um dos grandes nomes de sua história esportiva, Adhemar Ferreira da Silva. Até hoje único representante do país a conseguir dois ouros consecutivos nas Olimpíadas, o saltador foi o primeiro homem no mundo a ultrapassar os 16 metros no salto triplo, até então considerado o limite do ser humano.
Adhemar Ferreira da Silva é tão importante para o esporte brasileiro que até o autossuficiente mundo do futebol lhe presta uma homenagem constante. Clube onde o saltador passou os melhores anos da carreira, o São Paulo até hoje conserva em sua camisa duas estrelas douradas, em referência aos recordes mundiais obtidos pelo paulistano do bairro da Casa Verde.
A carreira dele no esporte começou por acaso. Filho de uma empregada doméstica e de um carregador de sacos, Adhemar teve a oportunidade de estudar graças à madrinha, patroa de sua mãe. Trabalhava como datilógrafo quando, em um momento de folga, viu passar um rapaz que cumprimentou um colega. Impressionando com o porte e elegância do sujeito, perguntou quem era e soube se tratar de Benedito Ribeiro, membro da equipe de atletismo do São Paulo. Interessou-se pelo esporte e foi apresentado no clube na semana seguinte.
Assim, em 1946, trocou as chuteiras dos campos de várzea pelas pistas. Praticou diversas modalidades, até que certa noite viu por acaso Ewald Gomes da Silva praticar salto triplo, esporte que até então desconhecia. Curioso, pediu para o colega lhe ensinar e, logo em sua primeira tentativa, impressionou ao chegar aos 12,84m - para efeito de comparação, dificilmente um iniciante consegue 11 metros.
A partir daí, tudo aconteceu muito rápido: títulos em torneios entre estreantes, paulista e a obtenção do índice para os Jogos de Londres-1948, com 15,03m. Na capital inglesa, porém, o impacto das 120 mil pessoas no estádio de Wembley fez Adhemar ter um desempenho pífio: 14,49m e a oitava colocação.
A experiência, porém, foi importante para a conquista quatro anos mais tarde. Sem poder levar seu técnico, o alemão Dietrich Gerner, para a disputa de Helsinque-1952, o atleta seguiu à risca um caderno minuciosamente elaborado pelo treinador sobre como agir no dia da competição. Àquela altura, Adhemar já era um atleta badalado, que em 1951 cravara o novo recorde mundial, saltando 16,01m.
Em 1955, A Gazeta Esportiva deu destaque ao recorde mundial obtido por Adhemar no PanA tática funcionou perfeitamente: logo no primeiro salto, Adhemar quebrou o recorde mundial, chegando aos 16,05m. O feito seria repetido outras três vezes (16,09m, 16,12m e, por fim, 16,22m) na mesma tarde e daria a ele a medalha de ouro, a primeira da história do atletismo brasileiro. Ovacionado pelo público, da Silva recebeu a sugestão de um juiz para dar uma volta pela pista a fim de cumprimentar o público e, desta forma, sem querer, ele deu a primeira volta olímpica da história.
O destino, aliás, sempre foi um aliado do paulista. No Pan de 1955, desafiado pelo rival venezuelano Arnoldo Devonish, Adhemar quebrou o recorde mundial outra vez. Curiosamente, ele liderava a prova com 16,15m, quando o adversário atingiu 16,13m no último salto. O barulho no estádio mexicano o fez entender que a disputa estava empatada e ele se concentrou enormemente para a última tentativa, onde atingiu 16,56m, superando o russo Leonid Shcherbakov, que em julho de 1953 havia feito 16,23m.
Meses depois, já como atleta do Vasco, Adhemar ganhou seu segundo ouro olímpico ao saltar 16,36m no Estádio Olímpico de Sidney - além da ausência do treinador novamente, o brasileiro teve um problema extra a enfrentar: uma inflamação dentária que, de tão problemática, por pouco não impediu a sua participação. O saltador ainda teria uma Olimpíada pela frente, Roma-1960, mas um início de tuberculose ganglionar, não diagnosticada então, minou o desempenho do brasileiro, que ficou apenas com a 11ª posição, com 15,07m.
Ainda assim, na saída da pista, ele foi ovacionado pelo público, que o aplaudiu de pé. O momento encerrou com dignidade a vitoriosa carreira de Adhemar.
No âmbito pessoal, Adhemar Ferreira da Silva também foi diferenciado. Formado em quatro profissões (belas-artes, educação física, direito e relações públicas), além de jornalista profissional, ele era capaz de se expressar em sete idiomas estrangeiros: inglês, espanhol, italiano, francês, alemão, finlandês e japonês.
Mesmo durante a carreira de atleta, Adhemar não deixou de trabalhar e, para manter a condição de amador e não correr o risco de perder a conquista em Helsinque, chegou a recusar uma casa que lhe seria dada através de campanha feita pela Gazeta Esportiva, já que à época o Comitê Olímpico Internacional impedia os atletas de se beneficiarem materialmente de uma conquista.
Adhemar com Leonardo Placucci Filho, pró-reitor administrativo da UniSant"Anna, em 1997Adhemar também era cantor e obteve diversos bons resultados em programas de calouros, além de participar da produção que ganhou a Palma de Ouro e o Oscar de melhor filme estrangeiro em 1959, Orfeu da Conceição. Após deixar as pistas, ainda trabalhou como adido cultural na Nigéria, deu aulas de educação física e fundamentos do esporte, ajudou na organização de diversos campeonatos de atletismo e coordenou projetos sociais.
Quando coordenador de esportes da Uni Sant'Anna, Adhemar criou em 1996 o Programa de Apoio ao Esporte, que oferece a chance de cursar o nível superior e participar de jogos e treinos. Em homenagem a ele, a universidade criou um troféu com seu nome, que se tornou a maior competição universitária de atletismo do País. O ídolo morreu em 12 de janeiro de 2001, aos 73 anos, vítima de um ataque cardíaco, deixando saudades.
FONTE: WWW.GAZETAESPORTIVA.NET/ATLETISMO
domingo, 23 de janeiro de 2011
São Silvestre e sua história.
Vejam neste link a historia da prova.
http://www.youtube.com/watch?v=PSmwE3ylero&feature=player_embedded
Aproveitem!!!!
quarta-feira, 5 de janeiro de 2011
CORRIDA DE SÃO SILVESTRE.
Idealizada por Casper Líbero, atuante jornalista do início do seculo 20, segue a passos firmes para ser uma das corridas mais famosas do mundo. O site www.gazetaesportiva.net disponibilizou um video histórico sobre esta notável corrida. Evento que resistiu até mesmo a II Grande Guerra, acontecendo ininterruptamente desde 1925. Teve sua fase internacional a partir de 1945 contando com a participação do "super atleta"
Emil Zatopeck conhecido como a locomotiva humana, campeão olímpico dos 5.000 m, 10.000 m e da maratona numa mesma edição. A corrida de são silvestre tem estas e outras marcar muitos importantes. convido a todos então que visitem o endereço:
http://www.youtube.com/watch?v=PSmwE3ylero&feature=player_embedded
Façam esta viagem pelo tempo, vejam as fotos de atletas notáveis como José joão, Emil Zatopeck, Rosa Mota e outros mais, bom passeio.
terça-feira, 4 de janeiro de 2011
Marcello Augusto Marques, campeão brasileiro dos 1000 m
Valeu a pena se arriscar nos 400m da pista do Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa (COTP), nesta segunda-feira. Campeão brasileiro da prova dos 1.000m mirim, Marcello Augusto Marques fechou 2010 com mais uma conquista: a da 17ª edição da São Silvestrinha para 14 anos.
"É a segunda vez que disputo. No ano passado, fiquei em terceiro. A prova foi bonita, apesar de que eu não corro 400m. Meu foco mesmo é 1.000m. Fui ver hoje aí de novo e terminei em primeiro", comemorou o jovem de Apucarana (PR), que foi quarto colocado dos 1.200m dos Jogos Colegiais Sul-americanos, realizados no Peru.
Com 50s69, Marcellinho, como é conhecido na cidade paranaense, venceu a primeira bateria e superou as marcas de Isac Arcanjo dos Anjos (52s08) e Igor Vianna Jerônino (52s51), que correram na bateria seguinte e fecharam o pódio.
"Corro desde os oito anos, treino de segunda, quarta e sexta-feira, duas horas por dia", disse o vencedor, ao admitir que já não se vê mais distante das pistas. "Comecei acompanhando na televisão, depois passei a pegar gosto pela coisa e agora faz parte da minha vida".
A versão feminina da prova de 14 anos também teve um representante do Paraná no topo do pódio. Nicolle Nascimento deixou Curitiba rumo a São Paulo para completar os 400m em 1min02s95, à frente de Andrielly de Oliveira (1min03s80) e Leila da Silva Weber (1min03s84).
"Vim só para a prova, pela terceira vez. Viajei quase sete horas e foi a primeira vez que ganhei. Meu treinador me ensinou a correr e comecei a gostar, fiquei apaixonada", comentou a jovem, que treina na capital paranaense de segunda a sábado, às vezes até três horas por dia.
Última vez
Aos 15 anos, idade limite para participar da São Silvestrinha, Jaciara Felix Marques venceu a prova dos 400m pela segunda e última vez, nesta segunda-feira, com 1min0s36 - Rosilane Cavalcante da Silva (1min0s41) e Daniela Marçal Teixeira (1min01s28) cruzaram atrás.
"Agradeço muito às pessoas que me apoiaram, que me ajudaram a ter mais confiança. Ela mesmo aqui", disse a atleta, apontando para Conceição Geremias, brasileira que disputou três Olimpíadas no heptatlo e que coordena o projeto social Estação Conhecimento, em Tucumã.
No masculino, o primeiro lugar da prova foi conquistado por Robson Muniz do Carmo, que treina no Joerg Bruder, um dos núcleos do projeto Atletismo em Ação, iniciativa da Secretaria de Esportes, Lazer e Turismo de São Paulo. Com 52s45, ele deixou para trás Matheus Leandro Rodrigues (53s31) e Lucas Felipe Piveta (54s49), ambos bem mais altos que ele.
"Foi difícil, eu estava muito cansado, vinha sem perna, mas consegui segurar um pouco até o final, quando dei uma arrancada e ganhei", analisou a promessa de 15 anos, ao adiantar que pretende seguir carreira no atletismo competindo apenas em provas de velocidade.
A São Silvestrinha foi disputada por cerca de 1,2 mil crianças e jovens, entre seis e 15 anos, de 15 cidades diferentes. Apenas as provas de 400m (distância mais longa do evento, que reuniu competidores de 14 e 15 anos, no masculino e feminino) tiveram tempo e premiação em pódio.
segunda-feira, 3 de janeiro de 2011
ATLETAS CADEIRANTES TEM ESPAÇO NA SS.
Com o tempo de 46min20s, Fernando Aranha Rocha conquistou o pentacampeonato entre os Cadeirantes da 86ª Corrida Internacional de São Silvestre. A chegada foi emocionante, com o paulista terminando apenas quatro segundos a frente de Jaciel Antonio Paulino. O terceiro lugar ficou para o santista Carlos Neves de Souza.
Com o treinamento focado na busca para o índice paraolímpico de triátlon, Fernando veio para a disputa despreocupado. "Só quis fazer a prova tranquilo, sem me preocupar com adversários. Nem olhei para trás", afirmou o vencedor das edições de 1999, 2000, 2002 e 2004. Jaciel manteve a tradição de subir no pódio desde 2005. O santista cruzou a linha de chegada na Avenida Paulista com o tempo de 46min24s. "Faltou fechar com chave de ouro no pódio, mas estou muito feliz com o resultado. Dedico a minha esposa e aos meus três filhos", declarou o campeão de 2009. Mesmo estando acostumado a competições de ponta, Carlão diz que quando a São Silvestre está chegando, a ansiedade cresce. "Vai dando aquele friozinho na barriga, é como se fosse Copa do Mundo", brincou após cravar o tempo de 50min31s.
TRES VEZES CAMPEÃO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Em quase dez minutos de corrida, o marroquino Mohamed El Hachimi e o brasileiro Israel dos Anjos, recém-segundo colocado da Gonzaguinha (espécie de prova preparatória para a São Silvestre) despontaram pela descida da Avenida da Consolação. Eles deram mostras de que estavam desempenhando o papel de coelhos, atletas contratados para forçar o ritmo de prova. Logo atrás, Marílson, principal esperança brasileira, e a elite queniana, hegemônica desde 2007, permaneceram no chamado pelotão principal. Perto do final do Elevado Costa e Silva, o marroquino perdeu o ritmo e Marílson - que havia afirmado que viria para vencer - tomou a ponta. O bicampeão da São Silvestre(2003 e 2005) demonstrava uma fisionomia tranquila e, sempre que podia, olhava a distância para os quenianos Emmanuel Bett e Barnabas Kiplagat Kosgey. Mais da metade da prova, em meio à Avenida Pacaembu, o fundista brasiliense, bicampeão da Maratona de Nova Iorque em 2006 e 2008, forçou ainda mais a toada almejando acumular uma vantagem considerável antes de iniciar a parte crítica dos 15km. Apesar do trajeto mais íngreme, Marílson, que não correu pelas ruas paulistas nas últimas quatro edições, continuou firme e animou os torcedores brasileiros espalhados pelas calçadas. Na prova feminina, a vitória foi da queniana Alice Timbilili. Ela conquistou o bicampeonato da prova, repetindo o feito de 2007. A africana assumiu a liderança na avenida Pacaembu e não foi mais ameaçada até alcançar a linha de chegada, quebrando o recorde da prova com 50min19seg. A brasileira Simone Alves da Silva foi a segunda colocada.
Tranquilo nas corridas, Marílson revela nervosismo com parto do filho.
A vitória na São Silvestre 2010 foi mais uma prova da tranquilidade de Marílson Gomes dos Santos diante da pressão. Ser calmo, nas pistas, nas ruas ou nas entrevistas é uma característica do corredor. Poucas coisas são capazes de mexer com o psicológico do brasiliense, mas uma delas está prestes a acontecer: o nascimento de seu primeiro filho, Miguel, programado para fevereiro.
Se depender da vontade da esposa do atleta, a também corredora Juliana Gomes dos Santos, Marílson estará presente na sala de parto. Acontece que ele não esconde a vontade de se esquivar da missão. "Já estava pensando nisso esses dias e acho que vou ficar nervoso sim", sorriu o fundista neste sábado. "Acho que não tenho nervos para ver o parto, não. Tenho nervos para encarar qualquer corrida, mas... essa é uma pressão diferente, que eu nunca vivi e nem tem treino para ela", justificou.
Medalhista de ouro nos 1.500m dos Jogos Pan-americanos de 2007, Juliana insite na tentativa de fazer o marido mudar de ideia. "Falei para ele que eu e o Miguel o acompanhamos desde a preparação a Maratona de Nova York. Aí ele resolveu correr São Silvestre e também ajudamos. Agora, ele vai ter que dar uma força para a gente, mas ele não está com coragem, não", ressaltou.
As restrições de Marílson quanto ao parto, porém, não significam que ele seja um marido despreocupado. Pelo contrário: sem competições programadas para as próximas semanas, Marílson pretende se dedicar à esposa e ao bebê que está prestes a chegar.
"Até então a gente estava sem tempo de fazer uma preparação. Até falei para a Juliana que a gente vai ter que fazer um cursinho, pois não sabemos de nada. Somos marinheiros de primeira viagem", admite o tricampeão da São Silvestre, já visando os novos tempos de mamadeiras, fraldas, choro e pouco sono à noite. "Tudo isso vamos ter que adaptar à nossa rotina", observou.
De bom-humor, Juliana deu a sua contribuição para resolver a questão. "A gente coloca o treinador para cuidar do Miguel", brincou, se referindo ao técnico Adauto Domingues, que imediatamente replicou. "Se botar na minha mão, ele corre meia hora por dia", afirmou, provocando gargalhadas em todos os presentes.
Veja os vencedores da prova:
Masculino 1 Marilson Gomes Santos (BRA) 44min07s
2 Barnabas Kosgei (QUE) 44min49s
3 James Kipsang (QUE) 45min15s
4 Giovani dos Santos (BRA) 45min34s
5 Emmanuel Bett (QUE) 45min41s
Feminino1 Alice Timbilili (QUE) 50min19s
2 Simone Alves da Silva (BRA) 50min25s
3 Eunice Kirwa (QUE) 51min42s
4 Cruz Nonata da Silva (BRA) 51min51s
5 Diana Judith (EQU) 52min35s
PRESSÃO DA SÃO SILVESTRE
Técnico de Marílson, Adauto Domingues exaltou a capacidade do brasileiro em não se render ao peso do favoritismo na São Silvestre 2010, apesar de o próprio corredor ter assumido a condição antes da prova.
"Talvez o grande diferencial dele seja essa capacidade de suportar isso. Não vou citar nomes, mas eu tenho outros atletas que, se estivessem aqui, o cara estava se borrando, não dormia três dias... E o Marílson consegue: deita na cama e dorme tranquilo", ressaltou.
Mesmo com o que classifica de um "dom" de Marílson, Adauto contou que o viu "um pouco mais ansioso" desta vez. O próprio competidor, aliás, admite que não aguentava mais ouvir falar no assunto. "Você come São Silvestre, dorme São Silvestre, se você passa na rua as pessoas lembram São Silvestre. Não tem como você escapar disso (risos). Então, é relaxar mesmo", explicou, com tranquilidade.
Entre as estratégias usadas por ele, está o aquecimento separado, feito minutos antes da prova no prédio da Fiesp. "Lá no Masp o espaço é pequeno e na Fiesp ele se movimentar mais. E, não me levem a mal, mas ele não ia conseguir aquecer junto com os outros, vocês (imprensa) ficaram enchendo o saco dele", sorriu.
Técnico conta como o destino agiu em favor de atleta ex-alcoólatra.
No momento em que Giovani do Santos cruzou a linha de chegada da São Silvestre na quarta colocação, muita gente se surpreendeu com o feito do fundista, até então, pouco conhecido. Mas Henrique Viana, técnico do humilde atleta, sabia do passado dele, acreditava em seu potencial e estava esperando algo semelhante.
Fundador e presidente da equipe carioca "Pé de Vento", o médico relata, com detalhes, a meteórica carreira de Giovani, que, há um ano e oito meses, superou o alcoolismo e apostou no atletismo como sua salvação.
"Eu estava acompanhando uma corrida da Corpore, em São Paulo, e ele me abordou. Como eu dou atenção a todo mundo, não consegui dizer não e aceitei ouvi-lo. Quando ele falava, eu pensava: 'Poxa, eu já tenho tantos atletas, como vou dizer não a ele?'. Mas ele foi tão sincero, tão súplico, tão esperançoso...", lembrou, sem conseguir esconder o entusiasmo.
Djalma Vassão/Gazeta Press
Pelo seu passado, Giovani tinha motivos de sobra para festejar na linha de chegada
Tempos depois, Henrique concluiria que o 'defeito' de não conseguir disparar negativas às pessoas, enfim, tinha lhe acarretado frutos. O conselheiro da CBat (Confederação Brasileira de Atletismo) anotou o telefone de Giovani e marcou uma avaliação para quando ele fosse a Itamonte (MG), filial da Pé de vento, cuja matriz se encontra em Petrópolis (RJ).
"Quando fui lá e fiz o teste, confesso que não vi muita perspectiva nele. Tiveram outros atletas, inclusive, que receberam uma nota maior. Mas as ciências biológicas não são perfeitas como as matemáticas, às quais um mais um sempre dá dois", definiu.
"Continuei com o Giovani e sempre que eu ligava para ele correr algumas provas, seja onde for, ele estava de prontidão. Assim, ele passou a crescer muito, sobretudo em 2010", afirmou. Giovani, mesmo com pouca quilometragem, disputou a São Silvestre de 2009 e não decepcionou: terminou no 18º posto, em sua estreia nas ruas paulistanas.
A respeito do antigo vício, doutor Henrique enaltece o empenho do 'filho' Giovani em continuar focado na carreira e blindado às recaídas. "Desde o começo, percebi que ele estava querendo um suporte, uma salvação. Ele encarou o atletismo como uma oportunidade de superar o passado", analisou.
Apesar do tratamento diferenciado, Viana confidencia que tivera de "cortar as asinhas" do pupilo quando este começou a se destacar. "Ele passou a correr muitas corridas para ganhar R$ 300, 400. Falei para ele que não é assim. Argumentei que sabia das dificuldades dele, mas disse que, lá na frente, ele colheria os resultados. E é o que está acontecendo agora", festejou.
Para a edição 2010 da São Silvestre, a grande esperança da Pé de vento (campeã com Ronaldo da Costa em 1994 e com Franck Caldeira em 2006) era Damião Ancelmo de Souza, vencedor da Meia Maratona de São Paulo de 2009 e terceiro lugar na Volta da Pampulha de 2010. No entanto, tanto o atleta quanto Henrique sabiam que, comendo pelas beiradas, o natural da cidade de Natércia (sul de Minas) poderia dar o que falar no dia 31 de dezembro. E não deu outra.
"O Damião passou a conviver muito com o Giovani, dava toques, puxava a orelha dele. Em 2010, chegou uma hora em que o Damião veio até mim e falou: 'Doutor Henrique, eu não sei se vou ganhar dele. Vou ter que correr muito. Ele está correndo tanto ou melhor que eu'", revelou.
As previsões de Damião estavam certas. Fatigado por uma gripe, o atleta - que fez pódio em todas as 17 provas que disputou em 2010 - não conseguiu seque completar o percurso de 15 km. Contudo pôde prestigiar o sucesso do amigo pessoal, que terminou em quarto e encheu o país de orgulho pela história de superação.
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